Cada grupo do diagrama circular tem características distintas, baseadas em princípios históricos e teóricos que detalharemos ao longo dos capítulos subsequentes (também detalharemos algumas das suas subdivisões). Contudo, algumas das ideais básicas já são aqui expostas.
Liberais Clássicos
- Princípios Centrais: Enfatizam autonomia individual, governo limitado, mercados livres e liberdades civis. Advogam por liberdade econômica e intervenção estatal mínima, enraizados em pensadores como John Locke, Adam Smith e John Stuart Mill.
- Contexto Histórico: Emergiram nos séculos XVIII e XIX como movimento progressista de esquerda (à esquerda dos conservadores autoritários). Essa mudança reflete paisagens políticas em transformação, com foco em economia laissez-faire contra expansão estatal (no diagrama, corresponde a um giro de 180º no diagrama, em que a civilização ocidental sai de modelos políticos autoritários para modelos democráticos).
- Exemplos Modernos:Políticos como Ronald “Ron” Paul e seu filho Rand Paul (congressistas americanos). AutorescomoFriedrick Hayek; Milton Friedman; Ayn Rand; James McGill Buchanan Jr.; Hans-Hermann Hope e Murray Rothbard.
Conservadores Moderados:
- Princípios Centrais: Valorizam tradição, estabilidade social e mudança gradual e a defesa de instituições estabelecidas. Podem apoiar políticas econômicas liberais, mas priorizam ordem social.
- Contexto Histórico: Desenvolveram-se em contextos onde partidos conservadores seculares eram fracos, como partes da Europa, misturando elementos conservadores e liberais.
- Exemplos Modernos: Partidos conservadores convencionais, como foi o Partido Conservador do Reino Unido no passado recente, mas não mais atualmente (no Reino Unido, atualmente, o pensamento conservador está muito mais bem representado no partido Reform UK) ou parte do Partido Republicano dos EUA, equilibrando tradição com políticas pró-mercado. Políticos como Ronald Reagan e Margareth Thatcher. Autores como Michael Oakshot; Russel Kirk e Roger Scruton.
Conservadores Autoritários:
- Princípios Centrais:Veem o mundo como caótico e demandam sua ordenação. Por isso, favorecem controle governamental forte, hierarquia e valores tradicionais, frequentemente com tendências nacionalistas. São mais rígidos que conservadores moderados.
- Contexto Histórico: Exemplificados por regimes como a Espanha de Franco – frequentemente como respostas conservadoras à instabilidade, priorizando a ordem em detrimento da ideologia, combinando valores conservadores com governança autoritária.
- Exemplos Modernos: Movimentos nacionalistas, como o Fidesz da Hungria sob Viktor Orbán (Primeiro-ministro da Hungria desde 2010), enfatizando controle estatal e tradicionalismo. Autores como Carl Smith, na Alemanha, e Ramiro de Maeztu, na Espanha.
Ditaduras militares na América Latina – por exemplo, Augusto Pinochet (presidente do Chile entre 1974 e 1990) – e na Ásia – por exemplo, Park Chung-hee (presidente da Coréia do Sul entre 1963 e 1979) adotaram o estatismo para impor estabilidade e desenvolvimento, frequentemente com o apoio dos EUA ou da União Soviética. No Brasil, foi o caso do regime militar (1964-1985).
Estatistas radicais:
- Princípios Centrais: Supremacia do estado, controle centralizado, supressão dos grupos dissidentes, coletivismo em oposição ao individualismo, uso da coerção, propaganda e controle ideológico, erosão do Estado de Direito.
- Contexto Histórico: Historicamente um modelo que perdurou por séculos em muitas civilizações (e ainda perdura), reemergiram no início do século XX com nova roupagem, caracterizados por supressão de oposição e economias controladas pelo estado, em oposição à democracia liberal.
- Exemplos Modernos: O fascismo de Mussolini (Primeiro-ministro da Itália entre 1922 e 1943) exemplifica o estatismo radical, com nacionalismo extremo e supressão de liberdades. Compartilha autoritarismo com conservadores autoritários, mas se opõe aos liberais clássicos, rejeitando a liberdade individual.
A Revolução Bolchevique (1917) e a consolidação do poder de Josef Stalin (Secretário-geral do Partido Comunista da URSS de 1922 a 1953) exemplificaram o esquerdismo radical se transformando em estatismo radical, com o Estado controlando a economia, a cultura e a vida pessoal sob a ideologia marxista-leninista.
A China de Mao Tsé-Tung (Presidente do Comitê Central do Partido Comunista Chinês entre 1945 e 1976; Presidente do Governo Central Popular da China entre 1949 a 1954; 1º Presidente da República Popular da China entre 1954 e 1959) estendeu esse modelo, combinando totalitarismo com revolução agrária, culminando em políticas como a Revolução Cultural (1966-1976).
Regimes autoritários originários dos conservadores autoritários proliferaram na Europa – como é o caso de Francisco Franco (caudillo da Espanha entre 1936 a 1975) e António Salazar (Presidente do Conselho de Ministros de Portugal entre 1932 a 1968) – frequentemente como respostas conservadoras à instabilidade, priorizando a ordem em detrimento da ideologia e se aproximando ou se tornando estatistas radicais.
Ditaduras militares na América Latina – por exemplo, Augusto Pinochet (presidente do Chile entre 1974 e 1990) – e na Ásia – por exemplo, Park Chung-hee (presidente da Coréia do Sul entre 1963 e 1979) adotaram o estatismo para impor estabilidade e desenvolvimento, frequentemente com o apoio dos EUA ou da União Soviética.
O estatismo radical foi alimentado por ideologias como o nacionalismo (fascismo), a luta de classes (totalitarismo comunista) ou o antiliberalismo (autoritarismo).
Crises — guerra, colapso econômico ou convulsão social — legitimaram a intervenção e o controle do Estado, frequentemente enquadrados como proteção do “bem maior”.
Esquerdistas Radicais:
- Princípios Centrais: Advogam por transformação fundamental de sistemas sociais, econômicos e políticos, frequentemente por meios revolucionários. Incluem marxistas, anarquistas e outros movimentos anticapitalistas.
- Contexto Histórico: Enraizados em movimentos socialistas dos séculos XIX e XX, com influência significativa durante eventos como a Revolução Russa.
- Exemplos Modernos: Movimentos anticapitalismo, alguns movimentos verdes, progressismo identitário e diversas outras facções de extrema esquerda.
Esquerdistas Democráticos:
- Princípios Centrais: Apoiam redistribuição de propriedades e de rendas (chamam a isso de justiça social), maior igualdade econômica e governança democrática por meio de reformas, não revolução. Alinha-se com social-democracia ou socialismo democrático.
- Contexto Histórico:Prominentes na Europa pós-Segunda Guerra Mundial, com exemplos como os Social-Democratas da Suécia, focados em estados de bem-estar dentro de quadros democráticos.
- Exemplos Modernos: Partidos como o Partido Social Democrata da Alemanha (SozialdemokratischeParteiDeutschlands, SPD), advogando por bem-estar social e reformas democráticas.
Ponto Chave
- Pesquisas sugerem que as mentalidades políticas podem ser agrupadas em seis categorias, formando um diagrama circular: liberais clássicos, conservadores moderados, conservadores autoritários, fascistas, esquerdistas radicais e esquerdistas democráticos.

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