Introdução: Salomão e sua Busca pela Felicidade
Salomão, filho de Davi e terceiro rei de Israel, governou de aproximadamente 990 a 931 a.C., um período de grande prosperidade. Conhecido por sua sabedoria (1 Reis 4:29-34) e riqueza (1 Reis 10:14-23), ele tinha acesso a todos os prazeres e recursos. No entanto, em Eclesiastes, Salomão reflete sobre sua busca por significado e felicidade, concluindo que a vida sem Deus é “vaidade” (Eclesiastes 1:2). Essa busca é central para entender como a felicidade era percebida na antiguidade, entendimento esse que repercute até hoje no pensamento político de contemporâneo.
Figura 5. A visita da rainha do Sabá ao rei Salomão.

Autor: Sir Edward John Poynter (1836 – 1919). Art Gallery of New South Wales, domínio público, via Wikimedia Commons.
A Jornada de Salomão: Da Vaidade à Verdade
Em Eclesiastes 2:1-11, Salomão descreve suas tentativas de encontrar felicidade através de prazeres sensoriais, construindo palácios, acumulando riquezas e se envolvendo em diversões. Ele experimentou a sabedoria, o prazer, o trabalho e até a fama, mas todas essas buscas levaram à insatisfação, sendo descritas como “vaidade e aflição de espírito” (Eclesiastes 2:11). Essa jornada reflete uma busca intensa, típica de um rei com recursos ilimitados, mas também revela a limitação de encontrar felicidade em conquistas humanas.
Salomão, apesar de sua posição privilegiada, percebeu que a felicidade não estava nas marcas convencionais de sucesso, como riqueza ou fama, mas em algo mais profundo. Buscou satisfação no luxo, no conhecimento, nos prazeres e nas relações, mas considerou todas essas tentativas fúteis, concluindo que a existência desprovida de propósito divino é marcada pela efemeridade
A Felicidade como Dom de Deus
O ponto crucial está em Eclesiastes 3:12-13, onde Salomão afirma: “Sei que nada há melhor para o homem do que regozijar-se e levar vida regalada; e também que é dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho”. Aqui, ele reconhece que a felicidade verdadeira não é algo conquistado por esforços humanos, mas um dom de Deus. A felicidade está em encontrar alegria no trabalho e nas bênçãos diárias, como comer, beber e desfrutar, vendo tudo como proveniente de Deus.
Salomão, em Eclesiastes 3:12-15, resume que a melhor coisa é ser feliz, fazer o bem e encontrar satisfação no trabalho, vendo isso como um presente divino. Isso contrasta com o pessimismo inicial, transformando-se em otimismo quando a busca secular é substituída pela teísta.
Tabela: Comparação das buscas de Salomão
| Busca | Descrição | Resultado | Versículo Relevante |
| Luxo | Acumulou riquezas, construiu palácios | Vaidade, não satisfez o coração | Eclesiastes 2:4-11 |
| Aprendizado | Estudou natureza, buscou sabedoria | Não trouxe paz, aprendizado insuficiente | Eclesiastes 1:17-18 |
| Álcool | Bebeu vinhos, buscou prazer temporário | Não trouxe satisfação permanente | Eclesiastes 2:3 |
| Relações | Casou-se com 700 mulheres, 300 concubinas | Insatisfação, culpa | 1 Reis 11:1-3 |
| Virada para Deus | Reconheceu a felicidade como dom divino | Paz em temer e servir a Deus | Eclesiastes 8:12, 12:13 |
Essa tabela, ilustra como cada tentativa falhou, levando Salomão a concluir que a felicidade está em temer a Deus.
Felicidade na Antiguidade: Um Dom, Não um Direito
Na antiguidade, especialmente no contexto bíblico, busca da felicidade não era vista como um direito individual de perseguir seus próprios desejos. Também não é uma busca materialística[1], humanística[2] ou hedonística[3]. Salomão deixou claro que buscar essas coisas era vaidade sem sentido (Eclesiastes 12).
Em vez disso, felicidade é um estado de bem-aventurança resultante da obediência a Deus. Textos como Salmos 1:1-2 descrevem o homem feliz como aquele que se deleita na lei do Senhor. Assim, felicidade é sinônimo de bênção divina. Não uma reivindicação, ou um fim em si mesmo, mas um subproduto da vida alinhada com a vontade divina. É um dom que reflete a bondade divina em meio à vaidade da existência.
Contraste com a Visão Moderna
Muitas vezes o “direito de busca da felicidade”, expresso por exemplo, na Declaração de Independência Americana, é interpretado como liberdade para perseguir prazeres e posses, muitas vezes sem limites morais, como um fim em si mesmo.
Ocorre que, muitas vezes, o caminho da felicidade é um caminho tortuoso, como o de Salomão, que precisou primeiro tentar a felicidade no luxo, no conhecimento, em bebidas e em relações, para somente então compreender que a felicidade estava temer a Deus e viver com gratidão. É para fins de permitir essa busca da felicidade em Deus que o direito americano garante a possibilidade do caminho tortuoso dos prazeres e riquezas (tal caminho tortuoso não é um fim em si mesmo).
| As leis da Inglaterra e a busca pela felicidade Willian Blackstone (1723-1780) foi um jurista e político inglês. Em seus “Comentários sobre as Leis da Inglaterra”, ele escreveu: “Como, portanto, o criador é um ser não apenas de infinito poder e sabedoria, mas também de infinita bondade, ele se agradou de conceber a constituição e a estrutura da humanidade de tal forma que não nos faltaria nenhum outro instigador para indagar e perseguir a regra do direito, mas apenas o nosso próprio amor-próprio, esse princípio universal de ação. Pois ele conectou tão intimamente, entrelaçou tão inseparavelmente as leis da justiça eterna com a felicidade de cada indivíduo, que esta última não pode ser alcançada senão pela observância das primeiras; e, se a primeira for pontualmente obedecida, não pode deixar de induzir a segunda. Em consequência dessa conexão mútua entre justiça e felicidade humana, ele não confundiu a lei da natureza com uma infinidade de regras e preceitos abstratos, referindo-se meramente à adequação ou inadequação das coisas, como alguns em vão supuseram; mas graciosamente reduziu a regra de obediência a este preceito paterno: “que o homem busque sua própria felicidade verdadeira e substancial”. Este é o fundamento do que chamamos de ética, ou lei natural. Pois os vários artigos em que se ramifica em nossos sistemas nada mais são do que demonstrar que esta ou aquela ação tende à felicidade real do homem e, portanto, concluir com muita justiça que sua execução faz parte da lei da natureza; ou, por outro lado, que esta ou aquela ação é destrutiva da felicidade real do homem e, portanto, que a lei da natureza a proíbe. Esta lei da natureza, sendo contemporânea à humanidade e ditada pelo próprio Deus, é, naturalmente, superior em obrigação a qualquer outra. Ela é vinculativa em todo o globo, em todos os países e em todos os tempos: nenhuma lei humana tem validade se for contrária a esta; as que são válidas derivam toda a sua força e toda a sua autoridade, mediata ou imediatamente, deste original.” O texto pode ser lido na íntegra em: https://www.laits.utexas.edu/poltheory/blackstone/cle.int.s02.html |
Pontos chave
- A jornada de Salomão em Eclesiastes revela que a felicidade, longe de ser um direito conquistado por méritos humanos, e que não se confunde com prazeres materiais ou autonomia irrestrita, é um dom divino que emerge da obediência e da gratidão.
- Tais ideais influenciaram o moderno conceito de busca da felicidade, estabelecida como um direito dado por Deus na Declaração de Independência Americana, para que cada indivíduo, livre e responsavelmente, possa trilhar seu caminho, eventualmente tortuoso como o de Salomão, em direção a Deus.
Trechos selecionados
Bíblia – Almeida Revista e Atualizada (ARA).
Eclesiastes 1
Tudo é vaidade
¹ Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém:
² Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.
³ Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
A eterna mesmice
⁴ Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre.
⁵ Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo.
⁶ O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos.
⁷ Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr.
⁸ Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir.
⁹ O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol.
¹⁰ Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós.
¹¹ Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas.
A experiência do Pregador
¹² Eu, o Pregador, venho sendo rei de Israel, em Jerusalém.
¹³ Apliquei o coração a esquadrinhar e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; este enfadonho trabalho impôs Deus aos filhos dos homens, para nele os afligir.
¹⁴ Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento.
¹⁵ Aquilo que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular.
¹⁶ Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.
¹⁷ Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento.
¹⁸ Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza.
Eclesiastes 2
A vaidade das possessões
¹ Disse comigo: vamos! Eu te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade; mas também isso era vaidade.
² Do riso disse: é loucura; e da alegria: de que serve?
³ Resolvi no meu coração dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela sabedoria, e entregar-me à loucura, até ver o que melhor seria que fizessem os filhos dos homens debaixo do céu, durante os poucos dias da sua vida.
⁴ Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.
⁵ Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie.
⁶ Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.
⁷ Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém.
⁸ Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres.
⁹ Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.
¹⁰ Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas.
¹¹ Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol.
A vaidade da sabedoria
¹² Então, passei a considerar a sabedoria, e a loucura, e a estultícia. Que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram.
¹³ Então, vi que a sabedoria é mais proveitosa do que a estultícia, quanto a luz traz mais proveito do que as trevas.
¹⁴ Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o estulto anda em trevas; contudo, entendi que o mesmo lhes sucede a ambos.
¹⁵ Pelo que disse eu comigo: como acontece ao estulto, assim me sucede a mim; por que, pois, busquei eu mais a sabedoria? Então, disse a mim mesmo que também isso era vaidade.
¹⁶ Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento. Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto!
¹⁷ Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se faz debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento.
A vaidade do trabalho
¹⁸ Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim.
¹⁹ E quem pode dizer se será sábio ou estulto? Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas fadigas e sabedoria debaixo do sol; também isto é vaidade.
²⁰ Então, me empenhei por que o coração se desesperasse de todo trabalho com que me afadigara debaixo do sol.
²¹ Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, ciência e destreza; contudo, deixará o seu ganho como porção a quem por ele não se esforçou; também isto é vaidade e grande mal.
²² Pois que tem o homem de todo o seu trabalho e da fadiga do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol?
²³ Porque todos os seus dias são dores, e o seu trabalho, desgosto; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade.
²⁴ Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus,
²⁵ pois, separado deste, quem pode comer ou quem pode alegrar-se?
²⁶ Porque Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que lhe agrada; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.
Eclesiastes 3
Tempo para tudo
¹ Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu:
² há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
³ tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar;
⁴ tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria;
⁵ tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
⁶ tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora;
⁷ tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar;
⁸ tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.
O homem não conhece o seu tempo determinado
⁹ Que proveito tem o trabalhador naquilo com que se afadiga?
¹⁰ Vi o trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens, para com ele os afligir.
¹¹ Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
¹² Sei que nada há melhor para o homem do que regozijar-se e levar vida regalada;
¹³ e também que é dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho.
¹⁴ Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele.
¹⁵ O que é já foi, e o que há de ser também já foi; Deus fará renovar-se o que se passou.
Semelhança aparente na morte entre homens e animais
¹⁶ Vi ainda debaixo do sol que no lugar do juízo reinava a maldade e no lugar da justiça, maldade ainda.
¹⁷ Então, disse comigo: Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito e para toda obra.
¹⁸ Disse ainda comigo: é por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais.
¹⁹ Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade.
²⁰ Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão.
²¹ Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?
²² Pelo que vi não haver coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua recompensa; quem o fará voltar para ver o que será depois dele?
Perguntas para reflexão
1. Qual o sentido de busca da felicidade a que se refere a Declaração de Independência americana?
2. Se a felicidade somente pode ser encontrada em Deus, o Estado pode obrigar as pessoas a seguirem tal caminho?
3. Se o caminho para a felicidade muitas vezes é tortuoso (e os erros fazem parte desse caminho), em que medida o Estado pode intervir para evitar abusos?
4. De que forma a busca de Salomão pela felicidade por meio de riqueza, prazeres e realizações — em última análise, considerada vaidade — se assemelha às críticas contemporâneas ao consumismo e ao materialismo nas sociedades capitalistas?
5. Como o tema da “vaidade das vaidades” em Eclesiastes desafia a busca pelo crescimento econômico sem fim na política contemporânea, particularmente nos debates sobre desenvolvimento sustentável e políticas ambientais?
6. De que forma a ênfase de Salomão em temer a Deus e guardar os mandamentos como o caminho para a realização se relaciona com os debates em andamento sobre o papel dos valores religiosos na governança secular, como em políticas de educação ou justiça social?
7. Como a crítica de Solomon às buscas hedonistas poderia se aplicar a questões contemporâneas como o vício em mídias sociais ou a crise dos opioides, e quais reformas políticas os governos poderiam implementar para promover fontes mais significativas de felicidade?
Notas
[1] Entendido materialismo aqui como a filosofia de vida devotada à aquisição de bens e valores materiais.
[2] Humanismo é a filosofia segundo a qual os seres humanos devem eles mesmos buscar dar sentido às suas próprias vidas.
[3] Hedonismo é a filosofia de busca de prazer, considerado bem supremo em vida. Hedonê é uma deusa da mitologia grega, símbolo do prazer.

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