I. A Ruptura com o Pensamento Político Clássico: Os Precursores da Modernidade

O alvorecer do pensamento político moderno marca uma profunda ruptura com as tradições clássicas de pensadores como Platão e Aristóteles, que entrelaçavam governança com virtude moral, lei natural e a busca do bem comum. Em contraste, Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes inauguram uma era em que a política é despojada de imperativos éticos, priorizando o poder bruto e a ordem em detrimento de princípios idealistas.

A visão de governo de Maquiavel, conforme delineada em suas obras seminais, rejeita qualquer lei moral vinculativa; o governante é livre para empregar quaisquer meios — engano, crueldade ou força — para tomar e sustentar a autoridade, vendo o poder não como uma ferramenta para a justiça, mas como um fim em si mesmo. Da mesma forma, Hobbes concebe o Estado como um Leviatã absoluto, nascido da fuga da humanidade de um estado de natureza caótico, onde os indivíduos renunciam a todos os direitos, exceto o de autopreservação, não deixando espaço para mandatos divinos ou direitos naturais inerentes. Para ambos os filósofos, a legitimidade do Estado deriva não do dever de promover o florescimento comunitário, mas do medo primordial da anarquia ou do governo tirânico, garantindo a submissão por meio da coerção em vez da harmonia ética.

Essa mudança estabelece as bases para uma política secular que influenciaria todos os governos autoritários, especialmente a esquerda radical (com Gramsci) e os estatistas radicais (com Mussolini), alterando para sempre o panorama da filosofia política.